Doutora e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelo Núcleo de Estudos em Relações de Gênero e Sexualidade (NUPSEX)
Doutor em Sociologia pela UFRGS. Coordenador do NUPSEX -Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero. Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nesta pesquisa etnográfica, analisamos a intersecção entre práticas de saúde e de segurança pública dirigida aos homens vítimas de conflitos violentos em dois hospitais de trauma no município de Porto Alegre/Brasil. Parte do campo consistiu em acompanhar as narrativas e as interações entre masculinidades criminalizadas (homens negros e pobres) e profissionais da segurança pública (policiais civis, policiais militares e agentes penitenciários). Os operadores conceituais centrais são inspirados nos estudos sobre o dispositivo de segurança (Michel Foucault), Economia moral (Didier Fassin) e no campo das masculinidades e violência. Para homens marcados como sendo do crime, o sofrimento produzido pelo trauma vivido não é apenas invisibilizado; ele é tomado como sinal de periculosidade. Essa dinâmica rege as relações entre masculinidades envolvidas em conflitos violentos e produz o ressentimento como afeto central
Citas
Ahmed, Sara (2004). The cultural politics of emotion. Edinburgh: Edinburgh University Press.
Anuário Brasileiro de Segurança Pública. (2016). Fórum Brasileiro de Segurança Pública. ISSN 1983-7634.
Affleck, W., Carmichael, V., & Whitley, R. (2018). “Men’s mental health: social determinants and implications for services”. The Canadian Journal of Psychiatry, 63(9), 581-589.
Albuquerque, C. L., & Machado, E. P. (2001). “O currículo da selva: ensino, milita-rismo e ethos guerreiro nas academias brasileiras de polícia”. Capítulo Criminoló-gico, 29(4).
Arendt, H. (1999). Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras.
Arruda, A. L. G. (2017). “A pena e a moral do ressentimento em Nietzsche”. Revista Pensamento Jurídico, 10(2).
Badinter, E. (1993). XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Nova Fron-teira.
Birman, J; Seixas, C. M. (2012). “O peso do patológico: biopolítica e vida nua”. Hist. ciênc. saúde-Manguinhos, 19(1), 13-26.
Botton, Fernando Bagiotto (2007). “As masculinidades em questão: uma perspec-tiva de construção teórica”. Revista Vernáculo, n. 19 e 20.
Butler, Judith (2011). Vida precária: el poder del duelo y la violencia. Buenos Aires: Paidós.
Cerqueira, D. C.; et. al. (2018). Atlas da violência 2018. Instituto IPEA. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34784. Acesso em 12 de março de 2020.
Collins, Patricia (2009). Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness and the Politics of Empowerment. New York: Routledge.
Connell, R. W., Messerschmidt, J. W., & Fernandes, F. B. M. (2013). “Masculinida-de hegemônica: repensando o conceito”. Estudos feministas, 241-282.
Conselho Nacional de Justiça (2018). Justiça em Números 2018: ano-base 2017/Conselho Nacional de Justiça. Brasília: CNJ, 2018.
Correia, Susano (2018). Face a face com o abismo. Galeria Susano Correia, 128 p.
Dalbem, Giana Garcia; Margarita, Ana Rubin Unicovsky (2012) "A natureza das lesões traumáticas ocasionadas pela violência física em pacientes atendidos em serviço de emergência de um hospital público." Enfermagem em Foco 3.2.
Deslandes, S. F. (2002). “O atendimento às vítimas de violência na emergência: prevenção numa hora dessas?". Ciência & Saúde Coletiva, 4, 81-94.
Fassin, D. (2008). “The humanitarian politics of testimony: Subjectification through trauma in the Israeli–Palestinian conflict”. Cultural Anthropology, 23(3), 531-558.
Fassin, D. (2010). La raison humanitaire: unehistoire morale du temps présent. Paris: Gallimard.
Fassin, D. (2011). Humanitarian reason: a moral history of the present. Univ of California Press.
Fassin, D., & Eideliman, J. S. (Eds.). (2014). Économies morales contemporaines. La Découverte.
Fassin, Didier (2013), Enforcing Orde: an Ethnography of Urban Policing. Malden: Polity Press, 320 pp.
Fassin, Didier (2017). Writing the world of policing: the difference ethnography make. Didier Fassin (Org.) University of Chicago Press. 320 p.
Ferraz, D.; Kraiczyk, J. (2011). “Gênero e Políticas Públicas de Saúde – construindo respostas para o enfrentamento das desigualdades no âmbito do SUS”. Revista de Psicologia da UNESP, América do Norte.
Foucault, Michel (2007). O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H. L.; RABINOW, P. Michel Foucault – uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, p.231-249.
Foucault, Michel (2008). Segurança, Território, População. São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, Michel (1999). Nietzsche, a genealogia e a história. In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.
França, F. G. (2018). “Entre o disciplinamento e a humanização policial militar: conflitos, “avanços” e desafios”. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos, 6(1), 83-102.
Gauer, R. M. C.; Saavedra, G. A. (2018). Memória Punição e Justiça. Livraria do Advogado Editora.
Gibran, G. K., & Profeta, O. (1973). Tradução Mansour Challita. Rio de Janeiro: EXPED-Expansão Editorial S/A.
Hentig, Hans von (1967). La pena: Formas Primitivas y Conexiones Histórico Culturales. Trad. esp. e notas José María Rodríguez Devesa. Madri: Espasa Calpe.
Hooks, B. (1992). Yearning: Race, gender, and cultural politics. Rougledge, 250 p.
Junior, C. A. S (2009). “Apontamentos gerais sobre a tortura na contemporanei-dade: as contribuições de Michel Foucault e Giorgio Agamben”. Revista LEVS, (4).
Kehl, M. R. (2011). Ressentimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 4ª edição.
Kimmel, M. S. (1998). “A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas”. Horizontes antropológicos, 4(9), 103-117.
Louro, Guacira Lopes (2004). Um Corpo Estranho: Ensaios Sobre Sexualidade e Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica.
Maluf, S. W. (2005). “Da mente ao corpo? A centralidade do corpo nas culturas da Nova Era”. Ilha Revista de Antropologia, 7(1, 2), 147-161.
Medeiros, Patrícia (2008). “Políticas da Vida: entre saúde e mulher. Tese de Doutorado. Doutorado em Psicologia”. Programa de Pós-Graduação em Psicolo-gia. Pontiícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.
Ministério Da Saúde (Br). (2010). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Viva: vigilância de violências e acidentes, 2008 e 2009. Brasília: Ministério da Saúde.
Moura, T. (2007). Rostos invisíveis da violência armada: un estudo de caso sobre Rio de Janeiro. 7Letras.
Moura, T. (2010). Novíssimas guerras: espaços, identidades e espirais da violência armada. Almedina.
Nascimento, M.; Segundo, M.; Baker, G. (2011). “Reflexões sobre a saúde dos homens jovens: uma articulação entre juventude, masculinidade e exclusão social”. In: Lévinas”. Revista de Estudos Feministas,19(2): 336,maio-agosto/2011.GOMES, R. (Org.). Saúde do Homem em debate. Rio de Janeiro: Fiocruz.
Nietzsche F. (1998). Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras.
Reginster, B. (2016). “Ressentimento, poder e valor”. Cadernos Nietzsche, 37(1), 44-70.
Rich, J. A., & Grey, C. M. (2005). “Pathways to recurrent trauma among young black men: traumatic stress, substance use, and the code of the street”. American Journal of Public Health, 95(5), 816-824.
Rolim, M. (2007). “Caminhos para a inovação em segurança pública no Brasil”. Revista Brasileira de Segurança Pública, ano 1, ed. 1, p. 32-47.
Rosa, Waldemir (2006). "Homem preto do gueto: Um estudo sobre a masculinida-de no rap brasileiro", dissertação mestrado em antropologia, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília.
Shelmerdine, S. (2017). Pathways to Inhumane Care: Masculinity and Violence in a South African Emergency Unit. Sage open, 7(3), 2158244017728320.
Souza, M. F. “As análises de gênero e a formação do campo de estudos sobre a (s) masculinidade (s)”. Mediações-Revista de Ciências Sociais, 14(2), 2009, 123-144.
Trevisan, J. F. (2005). Nietzsche e o ressentimento: um estudo em Psicologia Social. Dissertação (Mestrado)-Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
Wacquant, Loïc (2013). Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de janeiro: Revan, 3 edição.
Weintraub, Ana Cecília Andrade de Moraes, & Vasconcellos, Maria da Penha Costa (2013). “Contribuições do pensamento de Didier Fassin para uma análise crítica das políticas de saúde dirigidas a populações vulneráveis”. História, Ciên-cias, Saúde. Manguinhos, 20 (3),1041-1055. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-97020130003000016
Welzer- Lang, Daniel (2004). Os homens e o masculino numa perspectiva de relações sociais de sexo. In: Sechupum, Mônica Raísa. Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial: Santa Cruz do Sul, Edunisc.