(Santa Maria-RS, Brasil, 1970) é pós-doutor em Teoria Literária pela Universidade de Brasília (UnB). Doutorou-se em Humanidades e Ciências Sociais – Filosofia, pela Universidade de León (Espanha), com a tese A Ilustração Vital: O Raciovitalismo de Ortega y Gasset como via para o Desenvolvimento de uma Sociedade Leitora. Licenciado em Filosofia pelo Centro Universiário La Salle (Canoas-RS), tem Diploma de Estudios Avanzados (DEA) em Filosofia, também pela Universidade de León, com a dissertação Homem-massa: Ortega y Gasset e sua crítica à cultura massificada. Escritor, autor de mais de 20 livros de ficção, filosofia e ensaios. De 2005 a 2015 ocupou diversos cargos na política cultural de seu país.
Em Meditaciones del Quijote (1914) e Ideias sobre la novela (1925) o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) passa dos campos da filosofia à teoria literária, chegando até mesmo à técnica da ficção. Tal perspectiva pode ser útil para um diálogo mais amplo entre os campos da filosofia e da escrita criativa. O artigo estabelece elementos para uma possível “arte do romance” a partir dessas obras de Ortega y Gasset. O autor espanhol considerava que o romance evoluiu enormemente com a obra de Miguel de Cervantes (1547-1616), passando a ser um “gênero moroso”, de atmosfera, ao contrário das narrativas tradicionais, da épica e dos romances de aventura focados na ação e nas peripécias mais que na “psicologia imaginária” dos personagens. O filósofo critica o que considerava ser o vício das narrativas antigas na “droga da imaginação”, ou elementos de fuga da realidade. O artigo aborda contribuições orteguianas para a arte do romance, concluindo com o que poderia ser uma linha crítica a alguns dos mais utilizados manuais de roteiro e escrita criativa atuais, geradores dos mesmos elementos outrora combatidos pelo filósofo