Lorena Martoni de Freitas. Bacharela em Direito (2014), Mestra (2016) e Doutoranda (2017 -) em “Direito e Justiça” pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), com estágio de pesquisa no Laboratoire d’études et de recherches sur les logiques contemporaines de la philosophie - Université Paris 8 (França), e apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Professora substituta de Direito Constitucional da Universidade Federal de Ouro Preto (2017-2019). Desenvolve pesquisas nas áreas de Filosofia Política e Teoria do Direito e do Estado, com enfoque nos trabalhos de Michel Foucault e na filosofia italiana contemporânea. Atualmente investiga as possíveis contribuições do pensamento foucaultiano à teoria do poder constituinte.
A razão política moderna é visivelmente baseada em um princípio de segurança, e comumente é pensada no paradigma contratual do Estado de Direito. No entanto, entre 1977/1978, especialmente no curso “Segurança, território, população”, Michel Foucault questiona essa linha de raciocínio e propõe investigar essa relação entre política e segurança no quadro de uma “arte de governar”, como algo que se desenvolve fora de seus supostos limites legais fundamentais. Como resultado, o filósofo nos apresenta um diagnóstico do que compreende como “sociedades de segurança”, bastante original e complementar à tese da “sociedade de vigilância”, exposta em 1975 em “Vigiar e Punir”. Assim, este trabalho teórico visa esclarecer a análise proposta pelo filósofo francês, pois a identifica como um instrumento importante para melhor compreender a dinâmica político-jurídica das sociedades contemporâneas.
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